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História

GRUPO DE TEATRO TERAPÊUTICO

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Quando em 1968 foi decidido por alguns técnicos de saúde do Hospital Júlio de Matos dinamizar o centro recreativo do pavilhão de homens da instituição, foi-lhes disponibilizado o apoio voluntário de profissionais de áreas criativas como a informação e o Teatro.

Desse encontro, estabeleceu-se a  ponte  com os chamados doentes mentais. A época, então vivida, caracterizava-se pelos medos da estabilidade instável, desconfianças e prepotências culturais.

Desde logo foi manifestado o interesse de todos em preparar uma peça de teatro e apresentá-la ao publico do Hospital.

A escolha recaiu em “ Óleo “ de Eugene o`Neill, drama de paixões e claustrofobias à deriva, num mundo alienado, à procura de um sinal de amotinação que conduzisse a nave a porto seguro.

Seria um entretenimento lúdico, privado, familiar, mas o acontecimento não quis ficar tão reservado. Estendeu-se além dos muros da instituição fechada.  E, os protagonistas desse momento, talvez nunca pensassem que decorridas mais de cinco décadas esse Grupo de Teatro ainda hoje se afirme, embora diferente no conteúdo e nas responsabilidades.

 

No processo evolutivo destes cinquenta anos do GTT, procuraram-se sempre quando possível respostas para as interrogações de percurso.  Tenta-se, mas nem sempre se consegue, é evidente, o entendimento com o desconhecimento, a insegurança ou a intolerância dos que querem manter como diálogo a exclusão. O Grupo de Teatro Terapêutico ou Lúdico, como lhe queiram chamar, mantém-se coerente em valores, simplicidades que sempre o nortearam.

O Grupo  de Teatro Terapêutico, de início chamado experimental, revelou-se numa época de criatividades vividas ou utilizadas um pouco por toda a parte, supostamente, em experimentações estéticas e não só.

Na área da saúde, os agentes , médicos ou psicólogos, utilizavam técnicas de grupo, que colocavam o indivíduo, o chamado doente, mais participativo com os outros, mais próximo da comunidade, quando possível.

O Teatro como pretexto desencadeador de vivências múltiplas, percorre desde sempre as memórias das civilizações, como catarse de tensões latentes.

Nesses anos então vividos, como agentes da  profissão, considerámo-lo, ao teatro, uma possível ferramenta de apoio, entrosamento de cumplicidades, como esforço aos outros, os agentes da saúde mental, que procuravam novas formas de relacionamentos com os seus doentes.

 

A responsabilidade, a todos os níveis, dos técnicos de saúde com os seus doentes, nunca foram minimamente esquecidos pelos agentes do teatro ou de outras áreas da criatividade que connosco colaboraram. Também a respeitabilidade, a ética, o bom nome do teatro,  são valores sempre preservados no nosso Grupo .

No tempo em que tudo começou,  no GTT, em Portugal, barcaça á deriva, amordaçada entre medos e utopias, ouvia-se a voz  do trovador cantar a palavra do poeta da “Pedra Filosofal” . O GTT nasceu e percorreu a estrada da procura e da tenacidade, da rebelião e dos tempos brasa do ardor revolucionário, assistiu à perplexidade de ideais renegados,  á assunção de novas formas de pensar e viver , apreendeu contactos que o mantém ainda hoje integro com as novas gerações, e disponível para outras aprendizagens ou relacionamentos coerentes. Embora com muitas limitações, não quer deixar de estar atento, de repensar sempre o movimento e as ideias circundantes que germinam próximo, mesmo no horizonte.

João Silva

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